Congadas, assim Há 149 anos, os tambores ecoam pelas ruas de Catalão. Não apenas como música, mas como memória viva de um povo que transformou dor em devoção, fé e resistência em herança. Todos os anos, na primeira quinzena de outubro, a cidade se vê tomada pelas Congadas na Festa de Nossa Senhora do Rosário — embora os ensaios e a preparação comecem muito antes, envolvendo toda a comunidade em um processo de renovação cultural.
Agora, essa história ganha um novo capítulo: as congadas, assim como os reinados e os congados, tiveram o registro aprovado no Livro dos Saberes, por unanimidade, na 109ª reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), realizada no dia 17/6. Além de Goiás, as manifestações do congado em Minas Gerais e São Paulo também foram reconhecidas.
Nesta quarta-feira (25/6) à noite, representantes culturais em Catalão celebraram a data entregando um certificado aos capitães, ao Reinado e à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, na Fundação Maria das Dores Campos. O momento foi marcado por emoção, orgulho e pelo som inconfundível dos tambores que, há gerações, embalam a fé e a identidade de Catalão.
A origem das congadas em Catalão tem registros oficiais desde 1876. Inspirados pelos reinados africanos e pela devoção a Nossa Senhora do Rosário, criaram uma celebração única, na qual o sagrado e o ancestral se entrelaçam em danças, cantos e cores.
Atualmente, são 25 ternos de Congo e um Reinado, com milhares de dançadores que mantêm viva essa tradição. E foi essa força coletiva que levou o Iphan — órgão federal responsável por proteger os bens culturais do país — a conceder o certificado de reconhecimento, destacando o valor histórico, cultural e social da manifestação, símbolo de identidade e resistência do povo catalano.
Durante a cerimônia, Ana Cristina, presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, falou com emoção: “Esse reconhecimento e esse certificado são da luta do negro. As congadas de Catalão são as maiores do Brasil. Aqui somos 25 ternos de Congo e um Reinado. É um registro, um marco para a cultura da nossa cidade.”
O prefeito Velomar Rios também destacou o impacto desse título para o futuro da festa:
“Sempre que chegamos ao final de uma trajetória escolar, nos é emitido um certificado. E esse documento consolida as nossas congadas como patrimônio cultural. Ele vai abrir muitas portas para trazermos estruturas maiores para realizar nossos eventos, principalmente os relacionados à congada.”


